Biodiesel: novas oportunidades no mercado

Desde 2010, a quantidade de biodiesel misturado no diesel é de 5%, mesmo com uma oferta de matéria-prima superior à demanda. Agora, temos a chance de mudar para melhor a matriz de combustíveis brasileira, pois estamos em condições perfeitas para que o governo amplie essa porcentagem para 7% (chamado de B7) e ainda pode estabelecer um grande aumento para 2020.

O principal motivo que possibilita essa mudança é que o Brasil será o maior produtor de soja em grão do mundo nesse ano. Em 2013, foi calculado que serão produzidas 82 milhões de toneladas de soja, sendo que 38 milhões serão processados em fábricas esmagadoras. Assim 7,4 milhões de toneladas de óleo de soja serão disponibilizados pela primeira vez, o que permite um grande aumento da utilização de biodiesel no transporte brasileiro, mas sem prejudicar outros setores que precisam da mesma matéria-prima.

Sabemos que o impacto é grande, pois no Brasil 76% desse combustível é produzido com soja, seguido do sebo bovino com 17% e o algodão com 4%. É comprovado que o biodiesel polui bem menos que o diesel mineral e com isso o impacto inflacionário desse aumento será mínimo em comparação com a diminuição considerável da emissão de poluição. De acordo com empresa ligada à Esalq-USP, o consumo desse combustível em nosso país é responsável por reduções maiores que 70% se compararmos com o diesel europeu.

Pensando na inflação, é possível concluir que essa mudança pode chegar a alterações imperceptíveis nos índices de preços IPCA, IGP-M e IPA. Com o B7, podemos prever que o aumento dos preços em passagens de ônibus urbanos seria de R$ 0,01 e no caso do preço da cesta básica elevaria R$ 0,20 por unidade.

Ao entrar na questão de dependência energética, pode-se calcular que em curto e médio prazo o B7 pode diminuir a necessidade de importação do diesel mineral. Atualmente, cerca de 20% do consumo interno depende da importação desse produto.

Além disso, essa mudança pode contribuir com o desenvolvimento da agricultura familiar. Esse nicho forneceu cerca de 2 milhões de toneladas de matéria-prima em 2011. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, mais de 100 mil famílias brasileiras que produzem biodiesel estão ligadas à agricultura familiar. A média que cada família recebeu foi de R$ 14.500 no âmbito do PNPB unido à assistência técnica especializada, gerando 86 mil empregos nesse setor em 2011.

Em 2013, grandes instalações com capacidade de produção superior a 700 mil m³ devem iniciar suas operações e produzir biodiesel nos estados de Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Nossa atual capacidade de produção é de cerca de 7,40 milhões de m³ por ano. Porém, em 2012 a produção brasileira chegou a apenas 2,71 milhões de m³ e 2,67 milhões de m³ em 2011. Com isso, é possível assegurar a mudança para o B7 apenas com a capacidade não utilizada e podemos ver que há espaço para evolução no futuro.

O mercado de biodiesel no Brasil conta com 61 empresas autorizadas a comercializar biodiesel, uma vez que 70% delas participam ativamente dos leilões bimestrais promovidos pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O setor movimentou em 2012 e 2011 cerca de R$ 6 bilhões somente nesses leilões. No entanto, ainda existe a venda a frotas cativas como em projetos de ônibus que são movidos a B20 em São Paulo e Curitiba.

Nosso país tem um grande potencial de evolução em relação à biocombustíveis dentro do mercado energético nacional e internacional. Afinal, somos o quarto maior produtor mundial, ficamos atrás apenas dos Estados Unidos, da Argentina e da Alemanha. Porém, temos condições de assumir o primeiro lugar devido ao nosso histórico de incentivo às energias renováveis. Por isso, serão muitas as vantagens para o país se essa mistura aumentar para 7%.

E você, o que acha dessa possibilidade? Você acha que o biodiesel pode ajudar a mudar o mercado brasileiro?

2013-04-05T10:30:00-03:005 de abril de 2013|Mercado de Combustíveis|
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